quarta-feira, 31 de outubro de 2007

COMO O PODER DE HITLER ACONTECEU?



RESUMO: Este artigo aborda o assunto do grande poder que Adolf Hitler exerceu na Alemanha Nazista. Como tal figura pôde, em vinte e seis anos de história, dirigir o destino de milhões de pessoas.


Palavras-Chave: Poder, Alemanha, Nazismo, Carisma, Manipulação, Influência.


“Com sua habilidade de emocionar multidões e explorar as fraquezas de seus inimigos, Hitler levou a Alemanha nazista a assassinar milhões de pessoas. Um talento – e uma perversidade – que ainda desafiam os historiadores.”
Revista Super Interessante, Novembro 2003.




Como alguém que foi um completo fracasso até os 30 anos de idade pode ter ascendido até se tornar um homem com poder para matar milhões e deixar a Europa em ruínas?
Um orador que se contorcia no palco, cercado de bandeiras gigantescas, música e batalhões com movimentos coreografados, bastava ver os comícios de Hitler para perceber que havia ali algo mais do que simples política.

Nascido em 1889 na cidade de Braunau, Adolf Hitler teve uma infância insignificante e pobre, motivos que não indiciavam o seu futuro de “Grande Líder” na Alemanha Nazista. A partir de 1919, ele conquistou milhares de seguidores que o apoiaram num dos piores genocídios da história. Filiado ao Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialistas Alemães, partido Nazista, perseguiu e matou milhares de Judeus – raça odiada por Hitler.

Sua história chama a atenção para milhares de estudiosos, a fim de “desvendar” esse incrível acontecimento. “Um desses fenômenos históricos inexplicáveis que em raros intervalos emergem entre os seres humanos.” Palavras do ex-Ministro das Forças Armadas Albert Speer, no livro de Ian Kershaw, “Hitler Um Perfil do Poder”.



Uma boa explicação para tal expansão do poder de Hitler seria o conceito de Max Weber, “Dominação Carismática”, descritas no livro de Ian Kershaw:

“Max utiliza o carisma num sentido técnico específico que não é equiparável à aplicação descompromissada do termo, por exemplo, aos políticos democráticos ou a outras figuras muito conhecidas do público e dotadas de personalidade marcante ou atraente. Em contraste com a dominação baseada na ”autoridade tradicional” dos governantes hereditários, ou com a burocracia impessoal da “autoridade legal”, que caracteriza a maioria dos modernos sistemas políticos, a “autoridade carismática” se baseia nas percepções – por parte de um “séquito” de adeptos – de heroísmo, grandiosidade e de uma “missão” num “líder” proclamado.”
Livro “Hitler Um Perfil do Poder”, de Ian Kershaw. P.18.


Como Hitler conseguiu?

O movimento nazista na Alemanha dos anos 1920 ainda não era um partido e não chegava a ter 1.000 filiados, quando em 1922, Joseph Goebbels (Estudioso de Literatura e Filosofia - 1897-1945), contratado por Hitler, se aliou ao partido nazista, embora no início se opusesse a ele.
Chegou a desempenhar um papel importante ajudando os Nazistas
a obter - e reter - o poder, idealizando a propaganda que apresentava a ideologia nazista sob uma boa ótica para a população alemã. Iniciou-se nas primeiras estratégias do que hoje chamamos de Marketing político, para difundir as idéias do nacional-socialismo. A apropriação da cor vermelha para confeccionar os cartazes publicitários marcou um primeiro e pequeno golpe para desestabilizar as idéias comunistas.

“Hitler nunca se cansou de fornecer em se mítico relato da “história do partido”, que prefaciou – com uma extensão desproporcional – muitos de seus principais discursos ao longo de todo o Terceiro Reich...a “tomada do poder”, fora realizada exclusivamente através do “triunfo da vontade...”
Livro “Hitler Um Perfil do Poder”, de Ian Kershaw. P.43,44.

Hitler tomou como símbolo de seu movimento e seu estilo na política, a Cruz Suástica, um dos sinais mais fortes e antigos da humanidade, utilizado por centenas de etnias ao redor do mundo. Seu amor pela arquitetura demonstrava, em seus desenhos, a superioridade que atribuía ao povo alemão. “E quando a questão era representar, Hitler era inigualável”, afirma Ian Kershaw.

Porém é interessante também fazer uma breve e sucinta análise do fenômeno Hitler, relacionando com algumas “Teorias de Personalidade”, ou seja, analisar o lado Psicológico do fato. Segundo o comportamentalista B.F.Skinner, os seres humanos podem sofrer influências que alteram o resultado de seu comportamento e/ou atitudes. Inclusive é possível uma manipulação dos mesmos – manipulação esta em que ele mesmo utilizou para suas experiências e pesquisas. Os impulsos também servem para manipular, utilizam-se da emoção. Tudo isso, Skinner chamou de condicionamentos de comportamentos (Condicionamento Operante). Um ser é condicionado por outro, ou seja, controlado, manipulado, seguido da resposta. É controlado por suas conseqüências.

Posterior a ele, podemos também comparar com Hitler o pensamento e as teorias do Teórico da Aprendizagem Social Albert Bandura:
“...O comportamento humano como sendo passivamente controlado por influências ambientais. Ele nos lembra que o ser humano é capaz de pensamento e de auto-regulação, que lhe permitem controlar seu ambiente, tanto quanto ser moldado por ele...”
Livro Teorias da Personalidade por Hall, Lindzey e Campbell. P. 460.

Percebe-se então que as teorias destes dois psicólogos refletem o poder que Hitler exerceu, ou seja, Hitler utilizou-se dos mesmos princípios de suas teorias, sejam por conhecimento ou por pura coincidência. Mas o que podemos analisar é que ele soube manipular e condicionar uma nação inteira para obter os resultados esperados. Ele influenciou o ambiente, sabendo moldá-lo para as suas intenções.

Por mais irracionais que fossem as suas ordens, sempre houve alguém disposto a cumpri-las . Boas explicações para este fenômeno estão na centralização do governo em sua figura e no assassinato daqueles que tentaram se opor, mas nada foi tão evidente quanto o estonteante efeito carismático que Hitler tinha sobre as pessoas.


O Estilo do Führer (Líder em Alemão)

“Os hábitos pessoais de Hitler eram rotineiros e conservadores, mas ao mesmo tempo muito peculiares. Tanto quanto podia ele se atinha a rotinas diárias fixas, era quase abstêmio e (a partir do início da década de 1930) vegetariano, não fumava nem tomava café, e tinha mania de limpeza que o fazia lavar-se com uma freqüência anormal. Tinha pouca necessidade de sono, lia vorazmente textos variados (embora de maneira assistemática) e possuía uma memória extraordinária para detalhes e fatos.”
Livro “Hitler Um Perfil do Poder”, de Ian Kershaw. P.24

“Hitler construiu para si a imagem de ser o escolhido, no sentido bíblico da palavra. A insistência dele em um poder e um mistério quase do outro mundo tinha um grande apelo, o que lhe deu a sensação de ser de fato o salvador”, afirma o historiador Fritz Stern, da Universidade de Columbia, Estados Unidos.

Um dos principais fatores para a Ascensão de Hitler era a paixão de seus discursos, capaz de levar ouvintes às lágrimas. Uma amostra de sua retórica, de sua capacidade de sofismar, de costurar uma argumentação capciosa a fim de fortalecer seus pontos, está no trecho abaixo citado, retirado de um pronunciamento de 1927, feito em Nuremberg:

“Se alguém o chamar de imperialista, pergunte a ele: Você não quer ser um? Se disser que não, então nunca poderá ser pai, porque aquele que tem um filho precisa se preocupar com o pão de cada dia. Mas, se você fornece o pão de cada dia, então é um imperialista. O nosso objetivo deve ser formar uma semente que irá crescer constantemente, ganhando energia e força para o grande objetivo. Àquele a quem os céus deram a grandeza de decidir, eles também têm o direito de dominar.”


Revista Super Interessante, Novembro 2003.


Do Poder à Destruição

Os vinte e seis anos de glória e poder de Hitler foram marcados por completas destruições. A Alemanha fora destruída, o povo alemão fora aniquilado, principalmente os Judeus. Em 1939 fora destruída a Polônia. Em 1941 fora o massacre dos prisioneiros soviéticos...E por fim, em 1945 ele se autodestruiu: Hitler se matou, aos 56 anos de idade.

“Uma bala na cabeça, deixando por conta do povo alemão pagar o preço da presteza com que se deixara iludir por um líder que oferecia, não opções políticas limitadas mas uma tentadora visão milenarista, ainda que ilusória e vazia, da redenção política."

Livro “Hitler Um Perfil do Poder”, de Ian Kershaw. P.195

Mas mesmo depois de tanto sucesso, o fim de Hitler foi seu suicídio, o Führer voltava às suas origens fracassadas. E seu companheiro Goebbels, seguiu seu exemplo pouco tempo depois.

"A propaganda jamais apela à razão, mas sempre à emoção e ao instinto."

A frase, que encerra os princípios éticos do marketing ultramoderno, foi proferida em 1934 por Goebbels – o homem que ficou ao lado de Hitler até o fim.



Referências Bibliográficas:

KENSKI, Rafael. Hitler, Como ele pôde acontecer? Revista super interessante, Edição 194, Novembro de 2003.

HALL, Calvins. Teorias da Personalidade / Calvins. Hall, Gardener Lindzey e John B. Campbell. Trad. Maria A. V. Veronese. 4° Edição, Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

FADIMAN, James e FRAGER, Robert. Teorias da Personalidade. São Paulo: Harbra, 1986.
KERSHAW, Ian. Hitler um perfil do poder. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1993.

4 comentários:

Dr. Editor disse...

Mto bom!!!
fantastico ta de parabens

Dr. Editor disse...

Fantastico!!
parabens! uam honra ler textos desse nivel!

Mariângela Paz disse...

Muito OBRIGADA Dr. Editor!

Unknown disse...

Gostei... É uma visão muito interessante de como a sociologia e suas teorias são muito mais do que parecem. É algo para se pensar e refletir.